Montadoras nacionais de sucesso

 Montadoras nacionais de sucesso

Se você perguntar para um brasileiro quais são as maiores fabricantes de motos no país, dificilmente ouvirá o nome de uma marca nacional. Afinal, empresas como Honda, Yamaha e Fiat dominaram o mercado brasileiro de motocicletas desde o século passado, e as tentativas nacionais de ganhar espaço foram menos expressivas – e em grande parte frustradas.

Apesar da predominância asiática no mercado das motocicletas, o Brasil também tem alguns exemplos de montadoras que fogem dessa curva. São marcas brasileiras que venderam modelos em massa, originais ou de inspiração externa. Apesar de não serem tão conhecidas como as estrangeiras, elas tiveram seu lugar no país ao longo dos anos.

Kasinski

A primeira marca de que vamos falar se chama Kasinski e foi fundada no último ano do século, em 1999. Ela levou o sobrenome de seu dono, o empresário Abraham Kasinsky, e tinha sede em São Paulo. Não se manteve tanto tempo de pé: em 2009, a marca foi comprada por um grupo maior chamado CR Zongshen.

O nome já denuncia que é uma empresa chinesa, mas, na verdade, seu capital é dividido: metade pertence à família Rosa, brasileira, que tem Cláudio Rosa como sócio (a CR Motors). E a outra metade é de propriedade de uma das maiores fabricantes de motos e motores da China: a Zongshen.

A aquisição de 100% do capital da Kasinski em 2009 durou durante 5 anos. Depois disso, devido à queda nas vendas dos modelos dessa marca, a empresa teve de fechar de vez as portas, em 2014, tendo sido deixada também pelo grupo CR Zongshen.

Ainda assim, ela fabricou modelos variados durante seu funcionamento: desde scooters até motos esportivas.

Agrale

A Agrale é uma outra empresa brasileira, fundada em 1962, cuja sede fica localizada no Rio Grande do Sul, na cidade de Caxias do Sul. Seu nome original era Agrisa – Indústria Gaúcha de Implementos Agrícolas AS e ela ficava no município de Sapucaia do Sul, mas poucos anos depois de ser aberta, passou por uma crise e foi comprada pelo empresário industrial Francisco Stédile. Ele mudou sua sede de cidade e também mudou seu nome.

Essa empresa é, na verdade, especializada em uma outra categoria de veículos: ainda hoje, ela produz majoritariamente chassis para ônibus, tratores, veículos agrícolas, caminhões leves e utilitários 4X4 para uso civil e militar. As motocicletas e os carros não são tão produzidos. Mas, principalmente durante a década de 80 e 90, as motos tiveram um lugar especial nessa linha de produção.

Em 1984, a Agrale assinou uma parceria com uma importante fabricante de motos italiana: a Cagiva. Essa parceria durou mais de vinte anos, sendo encerrada apenas em 2006. Durante esse período, as duas marcas produziram 100 mil unidades, geralmente de modelos de moto na categoria “aventureira”, que até então era um tanto dominada pelas marcas japonesas Honda e Yamaha.

Os motores não eram tão fortes, mas essas motos acabaram ficando relativamente famosas. Um dos modelos mais vendidos foi o Agrale SXT 16.5, usado em trilhas e cidades do interior (mantendo, portanto, a linha geral da empresa de atender às necessidades de quem é interiorano ou mora no campo).

Agrale SXT 16,5

A Elefant 16.5 e a Elefant 27.5 também foram modelos conhecidos, inspiradas em motos que corriam pelos desertos de Dakar. A Agrale também chegou a importar modelos da Cagiva, como o chamado Cagiva Super City 125.

Agrale Elefant 16,5

Mesmo que as motos não estejam mais entre as categorias produzidas pela empresa, a Agrale continua sendo uma referência brasileira como fabricante de automóveis. Ela mantém até mesmo uma filial em Mercedes, cidade da Argentina, e tem conseguido fazer história como montadora nacional.

Sundown

Vimos que a Honda e a Yamaha dominam o mercado de motocicletas no Brasil hoje, com longa vantagem em relação a marcas nacionais. Mas, há pouco mais de uma década, no início dos anos 2000, uma empresa brasileira chamada Sundown Motors ocupava a terceira posição entre os modelos mais vendidos.

Ela é uma marca que pertence à empresa Brasil & Movimento S.A. (ou B&M), que iniciou suas vendas de motocicletas a partir de 2000. Empregava mais de 1000 pessoas e tinha 54 mil metros quadrados de área em suas duas fábricas. Teve grande prestígio produzindo motos mais acessíveis e baratas, com motores que variavam de 90 a 250 cilindradas.

Trabalhava com licença de modelos chineses como a própria Zongshen, que citamos ao falar da Kasinski. Infelizmente, em 2011, sentiu a crise mundial chegar ao pescoço e também precisou fechar as portas, encerrando a produção dessas motos brasileiras populares.

Foram 10 modelos produzidos ao todo. Entre eles, estavam: Hunter 90, WEB 100, Hunter 125, Max SE 125, Max SED 125, Scooter Future 125, VBlade 250, STX 200 e Motard 200. Talvez muitos leitores se lembrem de algumas delas.

DAFRA

Essa é a empresa mais jovem da lista. A DAFRA Motos também é brasileira e foi fundada em 2007 pelo Grupo Itavema – maior grupo de concessionárias de automóveis da América Latina. Ele tem 30 anos de atuação no Brasil.

A empresa fez várias parcerias ao longo dos anos. No início, comprava peças advindas exclusivamente da China, mas aos poucos foi mudando seus fornecedores. Hoje, tem uma parceria importante com a terceira maior fabricante da Índia, a TVS Motor Company, bem como a Haojue e Daelim, que compartilharam de sua tecnologia para o desenvolvimento de novos modelos. Ducati, Indian e KTM também são parceiras da DAFRA, bem como a grande BMW e a SYM Motors.

Sua área industrial compreende 170 mil metros quadrados em Manaus, com 150 mil metros quadrados com área construída. Sua capacidade de produção é de 20 mil motocicletas por ano.

Sua linha de produção é focada em criar motocicletas e scooters de 50cm3 a 400cm3. Entre seus modelos, estão a NH 190, a Apache RTR 200, a Next 300, a Citycom 300 ABS, Citycom 300 CBS, a Citycom HD 300, a Maxsym 400i e a Horizon 150.

A DAFRA também é responsável pela produção e distribuição de produtos de outras marcas europeias no Brasil.

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