Motociclistas mulheres que você deveria conhecer: Gwenda Hawkes
Conheça a história de uma mulher apaixonada por motos e que marcou época pilotando
No mundo moderno, cada vez mais mulheres se interessam pelo universo das duas rodas e possuem mais oportunidades de explorá-lo. Entretanto, a presença feminina, crescente e marcante, não é exclusiva dos dias atuais, muito pelo contrário.
Diversas motociclistas foram importantes para a história desse setor, porém poucas recebem o reconhecimento necessário. Seja na vida cotidiana ou nas pistas, várias já exploraram suas habilidades e paixão pelo meio, sem limitar-se à posição da garupa. Conheça nesta matéria um pouco da trajetória de Gwenda Hawkes, britânica que fez história pilotando, há quase 100 anos.
Gwenda nasceu no final do século XIX, em 1894, na cidade de Preston, Lancashire. Foi educada em uma universidade feminina, onde teve seu primeiro contato com a direção. Ela aprendeu a dirigir por conta própria, utilizando um carro que pegara emprestado da família de uma colega.
Integrante de uma família com forte presença militar, ela sabia que, em algum momento, gostaria de fazer a sua própria contribuição. Dito e feito. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Gwenda se voluntariou para auxiliar o hospital escocês. A jovem serviu como motorista de ambulância no combate no oriente, conduzindo sob condições de perigo e adrenalina. Por sua atuação de destaque, o governo romeno lhe concede a Cruz de São Jorge e São Stanislav.
Depois da guerra e desse forte contato com o volante, ela se casa com o coronel Sam Janson, diretor da empresa automobilística Spiker. Seu interesse, entretanto, passa a ser voltado mais para duas rodas, não quatro, embora tenha explorado os dois ramos ao longo da vida.
Em 1921, Gwenda estabelece um novo recorde de 1000 milhas em um Ner-A-Car, uma máquina baixa incomum, dirigindo 190 milhas por dia. Essa extensão pode parecer pequena para os olhos atuais, mas, na época, tendo em vista a condição dos veículos e das estradas, era algo significativo.
Logo, as viagens promocionais para fabricantes de motocicletas viraram frequentes e ela estava cada vez mais envolvida no setor, incluindo competições. Assim, em 1922, a pilota estabelece um recorde de 24 horas na cidade de Brooklands, em uma pista oval de madeira e com um Trump-JAP, consolidando uma média de 44,65 milhas por hora.
Na ocasião, a corrida em questão teve de ser realizada em duas rodadas separadas de 12 horas cada, já que moradores próximos à pista reclamaram do barulho à noite.
Por consequência da ampla dedicação da mulher ao esporte, o coronel Janson pede o divórcio. Ela logo se casa com Neil Stewart, que conheceu por uma empresa patrocinadora, assumindo o seu sobrenome.
Dando continuidade aos índices de destaque, Gwenda co-pilotou uma motocicleta Rudge 350 cc em Montlhery, na França, onde um novo recorde é consolidado. A corrida de 24 horas é atrelada a uma média de 54,21 milhas por hora, o equivalente a 87,24 km/h. Eram números surpreendentes para a tecnologia da década.
Nessa fase, a recordista conhece o piloto Douglas Hawkes, com quem se casa e finaliza a vida, sendo reconhecida por esse sobrenome. Mais para frente, a motociclista sobrevive a um grave acidente, quando a roda traseira de sua Terrot-JAP quebrou em alta velocidade.
Após marcar seu nome no mundo das motos, com alguns números que permaneceriam no topo até os anos 1950, Gwenda Hawkes muda seu foco para o automobilismo. Ela preferia as competições contra o relógio e dedicou-se a elas até a Segunda Guerra. Depois disso, os objetos de enfoque dela e do marido tornam-se os iates. A mulher viveu até os 95 anos, tendo falecido em 1990.
As conquistas de Gwenda são notórias, desde sua coragem na guerra, até seus incontáveis recordes nas pistas. Trata-se de um exemplo de persistência, habilidade e talento. Ela abriu portas para o mundo das corridas e é uma referência que vai muito além do que apenas para o gênero feminino.
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