Ayrton Senna e a paixão por motos
O Ayrton Senna que conquistou o Brasil era fissurado por motos e praticamente colecionava Vespas
Há 28 anos, Ayrton Senna deixou as pistas dos autódromos de todo o mundo após um trágico acidente na sétima volta do Grande Prêmio de San Marino de 1994.
Em 10 temporadas disputadas na Fórmula 1, o brasileiro acumulou passagens por quatro escuderias e sagrou-se tricampeão, com 41 vitórias, 65 poles e 19 voltas mais rápidas.
Os números acima certamente indicam que Senna é um dos melhores que já passou pela principal categoria do automobilismo mundial, mas, fora das pistas, Ayrton era tomado pela paixão por motos.
Durante sua vida, o brasileiro foi visto inúmeras vezes usando motocicletas para se deslocar durante as corridas pelo Brasil e no mundo. Além disso, Senna construía relações com figuras importantes da indústria das motos e, de quebra, ainda ganhava alguns modelos em sua homenagem.
Uma coleção de Vespas
Tudo começou na década de 1980, quando a Piaggio instituiu o Vespa Pole Position Trophy, ação em que a fabricante presenteava os pilotos da Fórmula 1 que conquistaram a pole position de cada GP com uma Vespa.
Por incrível que pareça, durante sua carreira, Ayrton levou para casa mais de 50 motonetas da fabricante italiana.
Vale ressaltar que, em 2014, o Instituto Ayrton Senna promoveu um leilão de uma Vespa PX 200 customizada por Alan Mosca, que idealizou a icônica pintura do capacete do tricampeão.
A motoneta foi pintada nas cores do famoso casco amarelo com faixas azul e verde, e o valor arrecadado foi revertido para o instituto.
Senna e Honda
Senna e Honda possuem uma das parcerias de maior sucesso da Fórmula 1. A relação entre Ayrton e a marca começou em 1987, quando a Lotus, sua equipe da época, trocou os motores Renault pelos propulsores japoneses.
Os melhores momentos dessa relação aconteceram na McLaren, onde Senna conquistou seus três títulos, em 1988, 1990 e 1991, todos com o motor da marca japonesa.
A união entre Senna, Honda e McLaren rendeu 30 vitórias em 80 corridas, com 45 poles positions, 48 pódios e os três títulos em 5 temporadas disputadas.
Senna foi visto diversas vezes com motocicletas da fábrica da Asa. No Brasil ele costumava utilizar, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, a trail Honda NX 150. Ela foi lançada no país em 1989 e teve como principal novidade a partida elétrica, recurso pouco comum nas motos oferecidas no país.
A vez das Ducatis
Consolidado na Fórmula 1, Senna foi sondado inúmeras vezes por dirigentes da Ferrari para correr pela escuderia, algo que nunca se concretizou.
No entanto, Senna estabeleceu uma boa relação com os italianos, tanto que acabou se tornando amigo pessoal de Claudio Castiglioni que, na época, era um dos altos executivos da Ducati.
Por isso, foi presenteado com uma Ducati 851 Desmo, modelo que acendeu a paixão do brasileiro pela moto. Outro momento que mostra a relação do brasileiro com a Ducati é retratado no documentário Senna, de Asif Kapadia, onde, em uma cena, há imagens do brasileiro transitando pelas ruas de Mônaco em uma Monster.
Em 1994 a casa de Borgo Panigale lançou a 916, que logo dominou o Mundial de Superbik. Senna viu a máquina na época de seu lançamento, e chegou até a sugerir alguns incrementos na moto.
Lamentavelmente, no final do ano em que aconteceu o acidente que vitimou o brasileiro, a casa de Borgo Panigale apresentou a Ducati 916 Senna, primeira motocicleta em homenagem ao tricampeão.
Tratava-se de uma série especial com produção limitada a 300 unidades, desenvolvida com base na 916 e dotada das melhorias sugeridas por Senna como a fibra de carbono para reduzir o peso e a inconfundível pintura cinza e preta com as rodas em vermelho vivo.
Seu motor de 916 cm³ de capacidade era um bicilíndrico em L com comando desmodrômico e injeção eletrônica, que entregava 114 cv de potência máxima a 9.000 rpm e torque de 9,17 kgf.m a 7.000 rpm.
Além disso, o assento único demonstrava sua vocação para as pistas, e entre seus diferenciais estão o subchassi em alumínio, amortecedor Öhlins e discos de freio dianteiros flutuantes.
Ayrton Senna também recebeu homenagens de outra italiana de peso: a MV Agusta. A Casa de Varese desenvolveu duas motocicletas em sua homenagem, ambas criadas por determinação de Castiglioni. A primeira nasceu em 2002: uma edição especial da F4 750 Senna, em que parte da verba arrecadada com suas vendas foi para o Instituto Ayrton Senna.
Ela foi inspirada na versão SPR de alta especificação da F4, usando o mesmo motor e chassi, com um esquema especial de cores em preto e vermelho e placa numerada em prata.
A F4 750 Senna tinha motor com 749 cm³ de quatro cilindros em linha que entrega potência máxima de 140 cv a 12.600 rpm e torque de 8,3 kgf.m a 10.500 rpm, além de muita tecnologia embarcada.
A segunda chegou a ser vendida no Brasil: a F4 1000 Senna, uma série especial da esportiva F4. A motocicleta era feita com materiais nobres, como fibra de carbono, titânio e magnésio. Na carenagem frontal destacam-se dois faróis sobrepostos.
Para pilotar a moto, era necessário um motor de 998 cm³ de quatro cilindros em linha refrigerado a líquido, que entrega 174 cv de potência máxima a 11.900 rpm, e torque de 11,3 kgf.m a 10.000 rpm.
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