Motocicletas: símbolo de resistência e liberdade feminina

 Motocicletas: símbolo de resistência e liberdade feminina

Motos contribuíram para a emancipação das mulheres e os motoclubes femininos se tornaram uma extensão do movimento feminista

A luta pela emancipação feminina acontece há séculos. Nesse interim, diversos protestos do movimento feminista, avanços na saúde pública da mulher, surgimento da pílula anticoncepcional, entre outros, se tornaram símbolos da causa. No entanto, a motocicleta também entrou para o grupo dos símbolos de resistência, liberdade e emancipação feminina. 

Antes de ser em um meio de transporte, as motocicletas foram inspiradas e evoluíram das bicicletas. Apesar desse fato não soar tão relevante, as bicicletas representaram liberdade e maior mobilidade para as mulheres. 

A escritora feminista Susan B. Anthony disse certa vez que “a motocicleta fez mais pela emancipação das mulheres do que vários movimentos no mundo”. De fato, as motocicletas eram mais econômicas e ofereciam mais diversão as mulheres que constantemente eram privadas desse luxo. 

Em 1915, as motocicletas Indian ofereciam proteção dianteiras e traseiras, e como estes acessórios amorteciam possíveis pequenas batidas durante o passeio, as pessoas começaram a considerar as viagens de moto como uma opção real e viável. 

No mesmo ano, mãe e filha, Avis e Effie Hotchkiss, viajaram de Nova York para São Francisco em uma motocicleta Harley-Davidson com sidecar. No ano seguinte, as irmãs Adeline e Augusta van Buren, compraram duas Indian Power Plus. Foi a partir desse momento que a história das mulheres e das motocicletas começou.

Em 1916, as irmãs Van Buren, de Nova York, durante a Primeira Grande Guerra, partiram para provar que as mulheres poderiam contribuir em uma possível necessidade de guerra e, para mostrar o seu potencial, decidiram atravessar os Estados Unidos de moto.

Adeline e Augusta vieram de uma família não convencional para a época. Por isso não foi um choque quando as irmãs apareceram com seu par de motocicletas Indian empenhadas em provar que as mulheres poderiam pilotar tão bem quanto os homens e inclusive participar da guerra como mensageiras motorizadas.

Já na década de 30, Bessie Stringfield, também conhecida como a Rainha das Motocicletas de Miami, fez oito viagens solo cross-country enfrentando todas as intempéries possíveis em rotas bastante inóspitas. 

Bessie ousou ao se aventurar em cima de um veículo de duas rodas, especialmente por ser uma mulher negra. No começo, ela não conseguiu uma licença de motocicleta em Miami, Flórida. No entanto, policiais intercederam em seu nome e permitiram que ela tirasse o documento para suas aventuras sobre duas rodas.

Com cada vez mais mulheres livres e conquistando espaços ao pilotarem motocicletas, seria questão de tempo até o primeiro motoclube feminino surgir. Em 1940, os Estados Unidos tiveram seu primeiro clube de motociclismo feminino, The Motor Maids. 

O famigerado Motormaids é o que mantém o título de moto clube mais antigo –  mais de 60 anos – de acordo com a American Motorcyclist Association Club– AMA, (veja a revista AMA) associação que concedeu a carta patente de motoclube mais antigo já em 1940.

As Motormaids M.C (https://www.motormaidsinc.org/about/). mantiveram uma identidade singular e uma estrutura hierárquica interna igual desde seu início. Ainda nos anos 30, Linda Dugeau se deu conta que talvez pudesse existir um número de mulheres que pilotassem motocicletas interessadas em formar um grupo. 

Desta forma, Linda recorreu por meio de cartas a pessoas que talvez conhecessem mulheres que tivessem motocicletas e, após a minuciosa busca, o Motormaid surgiu com 51 membros em 1940.

Atualmente, o Motormaids ainda existe e conta com aproximadamente 1.300 membros nos Estados Unidos e Canadá. 

Para além de um simples motoclube, a reunião de mulheres que desafiaram o machismo ao escolher a motocicleta como seu meio transporte, roupas “masculinas” e diversão com outras mulheres motociclistas representa um ato político, de resistência e luta feminista sem igual. As motocicletas e as mulheres construíram e ainda escrevem uma bela história repleta de aventuras e liberdade.

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